Avanço de dezembro faz indústria fechar em alta de 0,2% – O Globo
- Na Mídia
- 05/02/2024
- Tendências
Minério de ferro e petróleo ajudaram o resultado. Para este ano, analistas esperam expansão de 2%, com queda nos juros
A produção industrial brasileira avançou 0,2% no ano passado, voltando ao terreno positivo após queda de 0,7% em 2022. A Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo IBGE, mostra que o aumento acumulado de 2,5% nos últimos cinco meses de 2023 ajudou a compensar os resultados negativos do primeiro semestre. Analistas avaliam que a produção deve crescer entre 2% e 2,2% em 2024, diante da expectativa de continuidade da queda nos juros e da redução dos estoques, mas são cautelosos sobre os efeitos da nova política industrial, anunciada pelo governo na segunda metade do mês passado.
Em dezembro, o avanço de 1,1% veio bem acima do que esperavam os analistas (0,3%). O economista da Tendências Felipe Novaes avalia que o desempenho da indústria extrativa, com avanços significativos na produção de minério de ferro e petróleo, surpreendeu o mercado.
Estabilidade, diz IBGE
A expansão na indústria de minério de ferro foi impulsionada por maiores investimentos da Vale, principalmente em maquinário, o que aumentou a produtividade. Além disso, novas unidades produtoras, inauguradas ao longo de 2023, sustentaram os avanços na indústria de petróleo.
O gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, avalia que a melhora do emprego e da renda contribuiu para que a atividade crescesse no ano, ainda que pouco. Também pesaram positivamente as exportações, sobretudo de commodities, a queda na taxa básica de juros e a inflação mais controlada, especialmente dos alimentos:
– Mas vale a ressalva que é um resultado muito próximo da estabilidade.
Somente nove dos 25 grupos pesquisados tiveram aumento na produção, com destaque para os veículos automotores, produtos químicos, máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. Macedo afirma que o ano de 2023 pode ser analisado a partir de dois momentos: enquanto o primeiro semestre foi marcado por resultados predominantemente negativos, com queda de 0,3% na atividade, o ritmo da produção melhorou no segundo semestre:
– Com isso, o acumulado do ano, que ficou negativo uma boa parte de 2023, passou para o campo positivo.
Stefano Pacini, economista do Ibre/FGV, chama atenção para a queda dos estoques da indústria no ano passado, indício de que a produção pode acelerar de agora em diante:
– Nova sondagem da FGV mostra que 60% do empresariado espera demanda maior nos primeiros meses do ano, com melhora no ambiente de negócios, via redução de custos e melhores condições de crédito.
O resultado da indústria é divulgado poucos dias após o governo federal lançar um novo programa industrial, com a promessa de financiamento e subsídios de R$ 300 bilhões até o ano de 2026.
– Os efeitos dependem de como vai ser implementada. Devem prevalecer as consequências da redução dos juros, favorecendo investimentos de empresas, sobretudo depois de maio, quando o El Niño começa a arrefecer. Prevemos aumento de 2.2% da indústria em 2024 – conclui Novaes.