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Autoridades lamentam morte de Delfim Netto, aos 96 anos – Jornal Nacional

Em matéria do Jornal Nacional, o sócio da Tendências e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega fala sobre o legado de Delfim Netto para o país.

Sempre que alguém estudar os últimos 60 anos da economia brasileira vai encontrar a presença constante de Delfim Netto. Por alguns períodos, como o comandante dos rumos, em outros, como conselheiro de líderes e quase sempre como um estudioso e pensador. Também vai encontrar as grandes contradições da vida do economista: foi ministro da ditadura e interlocutor de governos de esquerda.

Aos 38 anos, em 1967, o então professor de economia da USP se tornou o mais jovem a ocupar o cargo de Ministro da Fazenda. Foi um dos responsáveis pelo chamado Milagre Econômico durante os governos militares de Costa e Silva e Médici, período em que o Brasil atraiu investimentos estrangeiros, aumentou as exportações, o PIB cresceu a taxas de dois dígitos e a inflação despencou. É dessa época que se atribui a ele a frase “é preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”, uma frase que ele negou ter dito.

Em 2013, na Comissão da Verdade da Câmara dos Vereadores de São Paulo afirmou que, se as condições fossem as mesmas, assinaria novamente o ato, mas disse que na época não sabia que pessoas tinham sido presas e torturadas.

Depois de ser Embaixador na França, voltou ao governo de outro general, Figueiredo. Ficou cinco meses à frente do Ministério da Agricultura. E das dificuldades do economista na área agrícola surgiu o personagem de Jô Soares, Dr. Sardinha.

Logo depois, Delfim assumiu o Ministério do Planejamento, quando o milagre já tinha virado crise. O Brasil enfrentou queda do PIB, disparada da inflação, aumento da dívida externa e da pobreza. Ele permaneceu à frente da pasta até o fim da ditadura militar.

Com a volta da Democracia, Delfim Netto se reinventou politicamente. Foi eleito deputado federal por cinco mandatos seguidos, a primeira vez como constituinte. No Congresso, sempre teve influência nos debates econômicos do país, alternou elogios e críticas a Fernando Henrique, foi um dos principais conselheiros econômicos de Lula e de Dilma Rousseff e ajudou Michel Temer na formação de uma nova equipe.

Delfim Netto estava internado há uma semana por complicações no quadro de saúde. Ele deixa uma filha e um Netto.

Durante todo o dia, houve manifestações de autoridades. O presidente Lula divulgou uma nota oficial dizendo que Delfim Netto era um adversário político inteligente. Afirmou que, durante 30 anos, fez críticas a Delfim Netto e que, na campanha em 2006, pediu desculpas publicamente, porque Delfim Netto foi um dos maiores defensores das políticas de desenvolvimento e inclusão social implementadas nos dois primeiros mandatos dele e que participou muito das discussões de políticas públicas daquele período.

Em uma rede social, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que Delfim Netto merece respeito por ter se dedicado ao progresso econômico brasileiro.

Os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, também prestaram homenagens a Delfim Netto.

Luís Roberto Barroso disse que Delfim Netto prestou serviços ao Brasil em diferentes momentos históricos. Nos períodos mais recentes, após a redemocratização, foi conselheiro econômico de mais de um governo e atuou em projetos de inclusão social que levaram ao desenvolvimento econômico do país.

Rodrigo Pacheco disse que Delfim Netto foi profundo conhecedor das ciências econômicas e que ocupou um papel altivo na história do Brasil desde 1967.

Arthur Lira recordou a passagem de Delfim Netto pela Câmara dos Deputados, onde ele exerceu o mandato de deputado federal por 20 anos, inclusive tendo sido um dos formuladores econômicos na Constituinte.

Banco Central, Federação Brasileira de Bancos, Ministérios da Fazenda, do Planejamento, governadores, parlamentares e economistas fizeram homenagem a Delfim.

Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda no governo José Sarney, fez parte da equipe econômica do então presidente João Figueiredo, quando Delfim Netto era Ministro do Planejamento.

“Grande legado para o Brasil. Seu conhecimento da agricultura, do café, da economia brasileira, dos desafios do país, enfim, foi um legado de enorme importância para o país.”, disse Nóbrega.

Confira a reportagem no vídeo abaixo!