Em entrevista para a CNN Brasil, Rafael Cortez comenta sobre a queda na aprovação de Lula, destacando os impactos entre as classes sociais, com uma queda significativa tanto entre os mais pobres quanto entre os mais ricos.

Ao ser questionado sobre qual a sua percepção em cima dessa queda de popularidade entre os mais pobres, que sempre foi muito fiel ao presidente Lula e ao PT de forma geral, das dificuldades que o governo está tendo para traçar uma política econômica nas frentes internas que existem contra as ações do ministro Haddad, quase sempre, nos últimos meses, pelo menos, perdendo nessa batalha, Cortez diz que, realmente, a inflação tem esse efeito maligno para a popularidade presidencial, incluindo naqueles setores mais ligados ao PT, pelo menos nas últimas eleições.

Cortez acredita que é um bom termômetro, mas parece que uma boa parte da explicação para esse sintoma tem um pouco a ver com o governo, que parece deslocado no tempo. O governo Lula 3, seja do ponto de vista da agenda econômica, seja do ponto de vista político, é um governo que não dialoga com os grandes dilemas da sua época.

“Eu começo pela parte política desse dilema. O governo Lula 3 é um governo que tem muito mais dificuldade de lidar com o Congresso, é um presidente mais fraco, seja do ponto de vista de regra do jogo, ou seja, a presidência da república é mais fraca, especialmente no orçamento. Está cada vez mais difícil a gestão orçamentária de maneira mais ampla pelo poder executivo, então estão com as mãos mais amarradas, mas sobretudo para colocar a sua agenda de trabalho, né? Suas questões legislativas, porque hoje tem um equilíbrio de forças entre o executivo e o legislativo de forma muito salutar.”, explica Cortez.

Ele ainda diz que a economia brasileira é diferente hoje do que era lá atrás, seja pela dívida, seja pelo nível de meta de inflação, seja pela taxa de juros, seja do ponto de vista da solução para esses dilemas, que não passa pelos mesmos problemas que tinham lá atrás. 

A sociedade é diferente também. O governo Lula 3 tem uma rejeição de saída de pelo menos 30%, porque é uma sociedade hoje muito mais polarizada. Quando a gente olha nos dois primeiros mandatos, a rejeição era insignificante, quase que desprezível do ponto de vista qualitativo. Lula tinha outra força.

Então, quando vamos olhando para esses sintomas, como a inflação, sobretudo a inflação de alimentos, na verdade, tem um pouco a ver, pelo menos na leitura de Cortez, com o governo que não consegue trazer algo novo. Então ele perde essa base que tinha e também não consegue sustentar a coalizão de apoio no segundo turno nas eleições de 22. 

Então quando a gente olha também entre quem votou Lula no segundo turno, tem uma perda de popularidade bastante relevante.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!