Amanda Klein: Governo recorre a ‘puxadinhos’ para cumprir meta fiscal – UOL
- Na Mídia
- 23/07/2025
- Tendências

O governo brasileiro recorre a ‘puxadinhos’ para fechar as contas e cumprir a meta fiscal, avaliou a apresentadora Amanda Klein no Mercado Aberto de hoje, no Canal UOL.
“O governo vive de receitas extraordinárias para fechar as contas e cumprir a meta de déficit zero. No ano passado, foram os dividendos do BNDES, da Petrobras e outras estatais que ajudaram o caixa. Este ano o papel será cumprido pelos leilões de óleo e gás nas áreas adjacentes ao pré-sal. Quase R$ 18 bilhões virão daí. E mais R$ 9 bilhões do aumento do IOF.”
“É o que mostra o relatório bimestral de receitas e despesas divulgado ontem. O último, há dois meses, havia anunciado um congelamento de gastos importante, da ordem de R$ 31 bilhões, bem acima das estimativas do mercado. Mas na ocasião foi totalmente ofuscado pelo anúncio, no mesmo dia, do aumento do IOF.”
“Sabemos como terminou essa novela – depois do desgaste enorme entre Executivo e Legislativo, que derrubou o decreto. A decisão parou – como quase tudo neste país – na mesa do Supremo Tribunal Federal. O decreto do aumento do IOF seguiu válido, com exceção do risco sacado, que garante o fluxo de caixa entre empresas e fornecedores.” (Amanda Klein)
A equipe econômica do governo Lula reduziu em R$ 20,6 bilhões o congelamento orçamentário anunciado em maio, que era de R$ 31,2 bilhões, para cumprir as normas do arcabouço fiscal.
Agora, estão congelados R$ 10,7 bilhões do Orçamento, segundo o Relatório de Receitas e Despesas referente ao terceiro bimestre do ano, produzido para auxiliar o governo na execução do Orçamento.
A apresentadora do Canal UOL explicou que a previsão de arrecadação aumentou com as receitas extraordinárias de óleo e gás, além do Imposto de Renda.
“O motivo é simples: a previsão de arrecadação aumentou com as receitas extraordinários de óleo e gás, e também com aumento de arrecadação do Imposto de Renda. Pelo lado das despesas, o BPC ocupa espaço cada vez mais importante no orçamento: quase R$ 3 bilhões a mais em dois meses, apesar do pente fino e algumas poucas limitações aprovadas no ano passado.”
“A ingerência do Poder Judiciário concedendo grande parte desses benefícios é a principal causa da explosão. Na visão da Tendências Consultoria, a meta será cumprida neste ano, principalmente se o governo focar na banda inferior, mas pro ano que vem ainda está muito complicado.” (Amanda Klein)
Amanda Klein ressaltou, no entanto, que o relatório não indica uma melhora estrutural, e que as metas orçamentárias podem ser cumpridas neste ano, mas ficarão muito mais difíceis em 2026.
“Nada no relatório indica uma melhor estrutural, nem por parte das receitas nem por parte das despesas. Ainda há muitas questões em aberto, principalmente a partir de 2027, quando os precatórios voltam a ser totalmente contabilizados dentro da meta. A LCA 4intelligence faz a mesma leitura: cumpre-se a meta neste ano, mas no ano que vem fica muito mais difícil.” (Amanda Klein)
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