Brasil corre risco de apagão da máquina pública em 2027, diz economista – UOL
- Na Mídia
- 30/06/2025
- Tendências

O Brasil corre um sério risco de apagão em sua máquina pública em 2027 se não conseguir solucionar a crise do IOF, que teve seu aumento derrubado pelo Congresso Nacional, afirmou Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria, em entrevista ao Mercado Aberto de hoje.
“O que nós temos, caso a gente não tenha uma solução para essa questão do IOF, é que o governo, em princípio, vai ter que contingenciar e bloquear para buscar as metas. Mas o problema é que o nível de bloqueios e contingenciamentos é muito expressivo, e aí cai em despesas discricionárias e essas despesas que, na verdade, hoje já estão bem limitadas e afetam o funcionamento de vários órgãos públicos, mas com o risco de ser ainda mais expressivo em 2026 e o quadro dramático, sem sombra de dúvida, é 27.”
“27 já por vários estudos, inclusive, de analistas relacionados ao Senado, evidenciam que as despesas discricionárias estarão praticamente ausentes em 2027. A gente não vai ter espaço para despesa discricionária em 2027, por causa do ritmo muito expressivo de crescimento das despesas obrigatórias.”
“E aí isso significa um ‘shutdown’. Então acho que o risco realmente é grande do ‘shutdown’ em 2027, mas em 2026, caso não se tenha solução para se buscar a meta, a gente já vai ter uma limitação grande em 2026, com repercussões para os serviços públicos.” (Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria)
A derrota do governo Lula com a derrubada do IOF no Congresso diminuiu as opções do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para equilibrar as contas do governo.
Se a possibilidade de recorrer à Justiça para derrubar a decisão do Congresso não vingar, Haddad terá de decidir onde cortar gastos: ele pode insistir na tentativa de reduzir supersalários e subsídios ao empresariado, ou aderir aos apelos do mercado financeiro, que prefere enxugar os gastos do governo reduzindo a valorização do salário mínimo.
A economista Alessandra Ribeiro concluiu a entrevista explicando que agora o governo se encontra em uma situação bastante delicada para resolver os gastos públicos.
“É uma situação muito delicada do ponto de vista das finanças públicas. A gente vê o governo sem espaço para manobra. Claramente optou por um modelo de aumento das despesas para ser financiado com aumento da arrecadação. E agora a gente vê dificuldades grandes.”
“O governo conseguiu até muitas coisas em 23 e 24, que têm ajudado muito a arrecadação, mas não o suficiente para financiar esse aumento dos gastos públicos. E agora com essa situação política extremamente tensa que a gente observa no Congresso, o governo vai ter muita dificuldade de achar fontes adicionais de receita.”
“Então, ou temos esses bloqueios de contingenciamentos pesados com todas essas repercussões, ou tem uma alteração das metas a serem perseguidas, o que teria um efeito muito ruim para os mercados financeiros.” (Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria)
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