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Consumo real aponta desaceleração e impacto maior nas famílias de baixa renda, aponta índice – Times Brasil

O recém-lançado Índice Mtrix de Varejo (IMV), criado pela empresa de inteligência de mercado Mtrix em parceria com a Tendências Consultoria, revela um cenário de recuperação apenas nominal nas vendas do varejo, ou seja, os valores crescem, mas não acompanham a inflação. Na prática, o consumo segue retraído em termos reais.

A projeção é de que esse ritmo mais fraco continue em 2025, especialmente devido ao impacto da inflação sobre o orçamento das famílias, em especial as de baixa renda, que têm menor poder de compra e são mais afetadas pela alta dos preços.

“O cenário ainda é desafiador, com inflação pressionando o consumo e limitando o avanço da renda disponível”, afirmou a Mtrix.

Desigualdade entre classes

Segundo o estudo, a massa de rendimentos deve crescer 4% em 2025 e 3% em 2026. Mas os efeitos desse crescimento variam entre as classes sociais:

Crescimento da renda em 2025:

  • Classe A: 3,1%.
  • Classe B: 6,7%.
  • Classe C: 4,6%.
  • Classes D/E: 0,1%.

Esses números representam uma desaceleração em relação a 2024, quando o crescimento médio da renda foi de 7%. A renda disponível para consumo não essencial também caiu: foi de 42,5% em 2023, para 42% em 2024, e agora está em 41,7%.

Dados do primeiro trimestre

No primeiro trimestre de 2025, os resultados do IMV mostram que o setor alimentar teve alta nominal de 3,3%, mas uma queda real de 1,7%, já descontada a inflação.

Resultados por segmento:

  • Supermercados e mercearias: alta nominal de 0,6%, queda real de 3,4%.
  • Restaurantes e bares: alta nominal de 1,9%, queda real de 2,1%.
  • Alimentação fora do lar: crescimento nominal (5,9%) e real (0,8%).

Segundo a Mtrix, o varejo alimentar é o primeiro a sentir os efeitos da inflação e da queda na renda. O aumento nominal nas vendas, segundo os pesquisadores, reflete reajustes de preços, e não aumento real no volume de compras.

Já o setor de alimentação fora do domicílio mostra maior resiliência, sustentado pelo desempenho dos serviços e pelo poder de compra das classes médias e altas.

Mudanças no comportamento do varejo

De acordo com o diretor de Marketing da Mtrix, Gustavo Eid Pinto, a indústria está repassando preços e o varejo responde comprando menos itens ou produtos mais baratos. Ele alerta para o “empobrecimento do mix de produtos” e a “dependência de promoções”, considerando um modelo insustentável no longo prazo.

“Estamos vendo um varejo que continua abastecendo as lojas, mas de forma mais cautelosa. A busca por preço domina, mas reduz a margem e o potencial de crescimento”, afirmou.

IMV: uma nova ferramenta para medir o consumo

O IMV foi desenvolvido com base em dados reais de distribuidores e atacadistas, com foco em 1 milhão de pontos de venda, especialmente do pequeno varejo (58% têm de 1 a 9 checkouts).

A rede analisada inclui:

  • 100 indústrias.
  • 2 mil distribuidores.

Estabelecimentos de todas as regiões

Segundo a Mtrix, o índice é complementar às pesquisas do IBGE (como a PMC e PMS), mas com diferenças importantes:

Sudeste representa 52% da PMC e apenas 38% do IMV;

Nordeste representa 16% na PMC, mas sobe para 27% no IMV;

A base do IMV inclui lojas menores, excluídas nas pesquisas oficiais.

Cenário para o consumo em 2025

A Mtrix ainda não divulga projeções específicas para o IMV, mas aponta fatores contraditórios no ambiente de consumo:

Positivos:

  • Mercado de trabalho resiliente.
  • Programas de estímulo à demanda.
  • Negativos:
  • Crédito ainda restrito.
  • Inflação persistente.
  • Preços altos limitam o consumo
  • A expectativa da Mtrix para o IPCA em 2025 é de 5,2%:
  • Alimentação no domicílio: alta de 6,7%.
  • Alimentação fora de casa: alta de 7,4%.

Esse último item pesa mais no orçamento das classes mais baixas:

  • Classe D/E: 20,2% das despesas.
  • Classe C: 17,1%.
  • Classe B: 12,8%.
  • Classe A: 8,4%.

Origem da renda das famílias (2024)

  • Classe A: 77,4% de “outras fontes” (investimentos, aluguéis, etc.)
  • Classe B: 86,5% da renda vem do trabalho.
  • Classe C: 90,9% da renda vem do trabalho.
  • Classe D/E:
  • Trabalho: 42,5%.
  • Previdência: 32,5%.
  • Bolsa Família e BPCs: 24,1%.
  • Outras fontes: 0,9%.

Reprodução. Confira o original clicando aqui!