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Governadores disputam na Paulista o espólio político de Bolsonaro com foco em 2026 – O Estado de S. Paulo

Além de Tarcísio, os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR) – os principais cotados para substituir Bolsonaro na chapa ano que vem – fizeram questão de ir à Avenida Paulista demonstrar apoio ao ex-presidente

A foto publicada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), neste domingo, 6, com Jair Bolsonaro rodeado de governadores da direita antes do ato pela anistia é carregada de significado eleitoral. A imagem, na avaliação de analistas, mostra uma disputa pelo espólio do ex-presidente, que está inelegível e deve transferir seu capital político para um aliado na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026.

Além de Tarcísio, os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR) – os principais cotados para substituir Bolsonaro na chapa ano que vem – fizeram questão de ir à Avenida Paulista demonstrar apoio ao ex-presidente. “Em alguma medida, é uma tentativa desses nomes de ocuparem um provável vácuo que vai ficar para 2026, fruto do estado jurídico de Bolsonaro”, disse o cientista político Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria.

Para Cortez, por mais que Bolsonaro tenha rejeição alta e os possíveis candidatos ao Planalto precisem também se posicionar mais ao centro, é uma tarefa “imperativa” demonstrar lealdade ao ex-presidente, que costuma desconfiar de traições. “O resultado da eleição de 2026 vai ser fruto dessa competição velada desses governadores para ver quem vai herdar esse espólio político”, afirmou.

“Isso mostra um acordo de endossar publicamente o PL da anistia (e implicitamente que aceitam Bolsonaro 2026), embora todos saibam que haverá uma disputa em torno do espólio do bolsonarismo muito em breve. Os governadores não querem arcar com o ônus de romper com Bolsonaro e serem vistos como traidores da direita”, afirmou a antropóloga Isabela Kalil, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp).

Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) também publicou a foto nas redes sociais e escreveu que o recado era de união da direita. “Unidos pela anistia”, postou Zema. Após um ato esvaziado na Praia de Copacabana em março, Bolsonaro precisava dos governadores para mostrar na Paulista que tem apoio. É uma “via de mão dupla”, analisou Cortez. “Essa estratégia precisa de imagens. A política é imagética. Não deixa de ser representativo. Provavelmente essa é a imagem que vai ficar da manifestação”, disse Cortez.

Para Isabela Kalil, a direita não rachou com o julgamento de Bolsonaro no STF, e a foto da Paulista é o retrato disso. Na avaliação da analista, embora os governadores possam ganhar politicamente com a eventual condenação do ex-presidente na Corte, não querem arcar com o ônus de serem vistos como traidores. “É uma posição ambígua. Podem não querer Bolsonaro, mas precisam dos votos do bolsonarismo”, ressaltou.

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