Casa Civil nega ‘intervenção’ sobre preços de alimentos: governo estuda conjunto de medidas para baratear alimentos – GloboNews
- Na Mídia
- 28/01/2025
- Tendências
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Em entrevista à Globo News, Matheus Ferreira, economista da Tendências, comenta sobre a negativa da Casa Civil em relação à “intervenção” nos preços dos alimentos e as medidas que o governo estuda para reduzir os custos.
Uma expressão do ministro da Casa Civil acendeu um novo sinal de alerta e uma correção precisou ser feita. De manhã, Rui Costa afirmou que o governo pretendia fazer um conjunto de intervenções para baratear os alimentos, de olho na popularidade. À tarde, houve um recuo. Em comunicado, foi esclarecido que, na verdade, medidas estão sendo estudadas.
Seja uma questão de semântica ou de comunicação, os supermercados já correram para até inclusive sugerir mudanças, como uma flexibilização maior nos prazos de validade de alimentos, com sugestões de data para consumo, praticamente oficializando a “xepa” e, claro, com riscos que podem chegar à saúde pública e de quem consome.
O ministro, então, viu esse burburinho ruim e publicou que essa possibilidade está descartada.
Além dessas medidas, já existem outras de estímulo à produção de alimentos que o governo estuda, mas são medidas que levam mais tempo para fazer efeito, por conta do ciclo de safra, por exemplo.
Mas há medidas que foram apresentadas pelos supermercados para além da questão da oficialização da xepa, que já funciona nos Estados Unidos e no Canadá e é uma demanda antiga não só do setor de supermercados aqui no Brasil, mas também da indústria de alimentos. A ideia é que a data de validade passe a ser uma questão de sugestão de consumo antes de uma data definida.
Supermercados sugeriram também ao governo no ano passado medidas para reduzir a taxa cobrada na hora de utilizar o vale-alimentação, uma medida que teria que passar pelo Ministério da Fazenda, pelo Banco Central e pelo Ministério do Trabalho. Além disso, foi proposta a diminuição do prazo de reembolso de cartões de crédito, um apelo de varejistas e atacadistas no Brasil.
Entretanto, houve bastante ruído porque, mais cedo, o ministro da Fazenda, em entrevista para um programa da rádio estatal, afirmou que as propostas dos supermercados seriam colocadas em vigor já neste primeiro bimestre e disse também que o governo buscaria um conjunto de intervenções que sinalizasse um barateamento dos alimentos.
A reação foi ruim dentro do governo e no mercado. A oposição aproveitou para explorar isso nas redes sociais. À tarde, veio um desmentido em nota da Casa Civil, afirmando que não está em discussão nenhum tipo de intervenção artificial para reduzir preços dos alimentos e que o governo ainda vai discutir o assunto com os ministérios e produtores de alimentos.
Além disso, a nota destacou que não é possível avançar no detalhamento dessas medidas porque as reuniões para definir essas ações ainda precisam acontecer.
Rui Costa, ao longo do dia, se empenhou para tentar corrigir o estrago feito mais cedo. Foi à imprensa, elencando os pontos dessa nota, reforçando que o governo ainda vai conversar e que não existe nenhum tipo de medida para baixar artificialmente os preços. Não é isso que o governo estuda.
Ainda assim, o assunto deve continuar rendendo por algum tempo. Para reforçar esse posicionamento, Rui Costa também foi à internet e fez uma publicação às 20h50, dizendo o seguinte:
“Ainda analisaremos um amplo conjunto de propostas, mas existem sugestões que não fazem parte da cultura do Brasil e não vejo possibilidade de serem adotadas, incluindo a venda de alimentos não perecíveis com data de validade ultrapassada a preços menores.”
E é justamente esse ponto que está sendo explorado pela oposição nas redes sociais. Lembrando que o governo mal saiu da crise do Pix.
Agora as reuniões continuam, até porque os preços dos alimentos continuarão chamando atenção ao longo de 2025. Essa é a projeção de economistas.
Mateus Ferreira, da Tendências Consultoria, projeta o seguinte: no ano passado, tivemos uma alta de alimentos de 8,2%. Para este ano, a projeção é de 6,2%.
Qual é a explicação? Haverá alta no preço dos alimentos, mas em um ritmo menor do que no ano passado, porque os preços já estão bastante altos neste primeiro trimestre. Por conta do verão e da sazonalidade, há ainda um impacto sobre os preços de frutas e legumes ao longo do ano.
Além disso, o Real desvalorizado pressiona principalmente os alimentos industrializados. Outro fator é o trigo. Então, é preciso acompanhar exatamente qual será a trajetória do câmbio ao longo dos primeiros meses do governo Trump.
A carne, que foi tão falada no ano passado e teve um salto de 20% nos preços, deve continuar em alta, mas com um aumento mais fraco, porque já houve uma grande alta ao longo do último ano.
O cenário positivo para os preços dos alimentos só deve começar a se desenhar a partir do segundo semestre. Isso porque o IBGE projeta uma safra 10% maior agora em 2025 do que no ano passado. Ou seja, o preço do arroz e do feijão, por exemplo, deve começar a ceder apenas na segunda metade do ano.
“A gente deve ter uma continuidade dessas pressões recentes. Então a inflação de alimentos deve continuar exibindo crescimento nos próximos meses. Esse crescimento decorre de dois fatores: algumas questões climáticas sazonais e a depreciação do real no período recente. Nossa expectativa é de preços de alimentos ainda caros e crescendo em 2025, mas com uma leve desaceleração em relação a 2024. A projeção é de uma alta de 6,2% nos alimentos este ano, após uma alta de 8,2% em 2024.”, explica Ferreira.
Confira a reportagem completa no vídeo abaixo!