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‘O Nó dos Juros’: As reformas para melhorar a economia e ter menos juros – CNN Brasil

Em matéria especial da CNN Brasil, o sócio fundador da Tendências e ex-Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, fala sobre as mudanças estratégicas necessárias para melhorar a situação fiscal no Brasil.

Pense nos diversos tipos de cordas, como as grossas usadas no esporte ou as mais fininhas e flexíveis, usadas para amarrar as cargas. Um nó cego em uma corda não vale nada. E a economia brasileira tem um desses, que são os juros. Como desatar esse nó? Os economistas dizem que é preciso ter conhecimento e muita paciência para resolver o problema das contas públicas, da inflação, da inadimplência e da insegurança jurídica.

O Brasil já conseguiu derrotar um grande problema econômico: a inflação elevada. Depois de décadas de alta descontrolada dos preços, o Plano Real, há 30 anos, resolveu esse problema e as novas gerações nem sabem o que é conviver com a remarcação de preços.

Mas o Brasil segue com outro grande problema econômico: as contas públicas. Até meados da década passada, o país conseguiu controlar razoavelmente os gastos. Por muitos anos seguidos, o governo só gastava o que entrava e até sobrava dinheiro no caixa. É o que os economistas chamam de superavit primário.

Mas na última década, o sinal mudou. Esse período de números negativos começou com o desarranjo econômico criado no segundo mandato de Dilma Rousseff, que manteve despesas em alta e abriu mão de receitas.

Resultado disso: o saldo da conta passou para o vermelho e, com isso, o governo voltou a tomar empréstimos para fechar as contas. Em 2014, a dívida pública entrou em uma trajetória de alta que só foi interrompida no pós-pandemia.

No governo Michel Temer, os números pararam de piorar, mas seguiram no vermelho. Houve esforço fiscal, mas insuficiente para levar as contas ao azul. Essa tendência de melhora gradual continuou no início da gestão Jair Bolsonaro, mas aí veio a pandemia.

A COVID-19 ceifou a vida de mais de 700.000 brasileiros e brasileiras. A pandemia também derrubou as finanças públicas, resultando no maior rombo da história. Os números, porém, se recuperaram rapidamente.

Com gastos na ponta do lápis, as contas voltaram ao azul no ano seguinte, ainda em 2021, e a dívida pública, que só crescia, passou a cair. Mas o alívio foi temporário.

Em 2023, os números voltaram a ficar negativos com a chegada do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Com as contas no vermelho, a dívida pública volta a crescer, e é isso que mais preocupa os economistas e o Banco Central hoje.

 Se é tão claro que é a má situação das contas públicas que influencia tudo, como resolver esse problema? Como ter um novo Plano Real para a situação fiscal?


“Eu acho que os economistas, os agentes de mercado, os jornalistas, os colunistas já apontaram esse caminho. Não precisa muito fazer diagnóstico. É um conjunto de reformas estruturais que vão rever a forma como se reservam recursos para educação e para saúde. Tem que fazer uma nova reforma da Previdência, inclusive discutindo se é necessária uma reforma da Previdência dos militares. Estratégico para o Brasil é a qualidade da educação, (…) a qualidade do ambiente de negócios que estimula os empresários a assumir riscos, investir e gerar prosperidade. Isso é que é estratégico.”, aponta Nóbrega.

As reformas necessárias só avançam se houver mobilização. O apoio do Presidente da República é essencial. Desatar esse nó precisa ser uma bandeira do governo, mas só isso não basta. É preciso ter suporte e aprovação do Congresso Nacional, além da compreensão do assunto pela Justiça.

Nesse esforço, setores, empresas e até as famílias precisam estar na mesma página. Ter uma economia arrumada, com juros menores, vai gerar benefícios a todos. Mas antes é preciso estar disposto a dar um passo atrás, porque muitas dessas mudanças vão alterar condições e benefícios que só existem hoje porque o tamanho do Estado permite. E o Estado é grande também por causa disso.

Confira a reportagem completa no vídeo abaixo!