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O Nó dos Juros’: o efeito dos juros na economia e no próprio governo – CNN Brasil

Em matéria especial da CNN Brasil, o Diretor-Presidente da Tendências e ex-Presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, explica o efeito do câmbio elevado sobre a inflação e a taxa de juros.

O crédito é o coração da atividade bancária e do mercado financeiro. Essa operação funciona como uma escada rolante, que acelera o nosso passo em busca das nossas necessidades, dos nossos planos e dos nossos sonhos. Pegar essa carona, porém, custa. Afinal de contas, alguém vai te entregar hoje um dinheiro que você só vai devolver no futuro. Isso são juros.

Dados do Banco Central mostram que pessoas, empresas e o governo têm juntos R$ 17 trilhões em operações de crédito. O problema, num país como o Brasil, onde os juros são tão elevados, é que o custo dessa jornada pode simplesmente inviabilizar a história. E é por isso que muita gente paga, paga, paga e a dívida não sai do lugar e, para as empresas, pode ser até pior, porque o juro pode simplesmente inviabilizar o negócio e aí o melhor é desistir.

Historicamente, os juros são elevados no Brasil por muitos problemas, especialmente as contas públicas. Como o governo gasta muito mais do que arrecada, o Tesouro Nacional precisa tomar empréstimos para pagar as contas. Isso gera desconfiança dos investidores e essa desconfiança pressiona indicadores, como o dólar e a inflação.

Por isso, o Banco Central mantém juros elevados. E essa mesma taxa elevada aumenta o total de juros que o próprio governo precisa pagar sobre toda a dívida pública. Em outras palavras, o problema das contas públicas gera juro alto, que piora ainda mais a situação fiscal. 

Em 2023, o governo federal pagou exatos R$ 816 bilhões em juros da dívida pública. Esse valor equivale a 17% de tudo que o governo gastou no ano passado. Se fosse o orçamento de um Ministério, seria o segundo maior e só perderia para a Previdência. O que o governo paga de juros em um ano é suficiente para pagar 11 anos de Bolsa Família.

“Nós estamos nos patamares mais altos do dólar nos últimos 2 anos, tudo isso em função dessa percepção negativa do fiscal. Esse câmbio alto, ou seja, o real desvalorizado, tem efeito sobre a inflação, portanto, acaba exigindo juros mais altos. Então, é um ciclo que acaba sendo vicioso, porque você acaba aumentando a própria despesa do governo lá na frente com o pagamento de juros.”, explica Loyola.

Para as empresas e famílias, o crédito caro tem várias consequências. A primeira é o aumento do serviço da dívida. Em outras palavras, fica mais caro estar endividado, já que você vai precisar pagar mais juros.

Numa empresa, uma despesa financeira maior pode resultar em aumento de preço dos produtos e serviços. Numa família, pagar mais juros significa ter menos dinheiro para o restante dos gastos. Para as pessoas, a casa própria ou o carro novo ficam para depois e, assim, a economia esfria.

Confira a reportagem no vídeo abaixo!