Copom corta taxa de juros em 0,5 pontos – GloboNews
- Na Mídia
- 03/10/2023
- Tendências
O comitê de política monetária do Banco Central divulgou em ata, durante a semana, que espera continuar reduzindo a taxa básica de juros em meio ponto percentual nas próximas reuniões. Essa semana também aconteceu a primeira reunião oficial entre o Presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“A expectativa é que as quedas, nas próximas reuniões, também sejam da mesma magnitude, de 50 pontos. Isso significa que essa fase de queda deve permanecer até final do ano que vem, então, os juros vão continuar caindo bastante lentamente. Isso porque a inflação ainda continua relativamente elevada, acima da meta, existem algumas incertezas que o Banco Central tem apontado nas suas atas. Então o Banco Central prefere ir com cautela e eu acho que a autoridade monetárias está correta nessa prudência.”, aponta Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências.
Quando questionado sobre haver espaço para acelerar a queda caso as incertezas sejam elucidadas e o cenário melhore, Loyola diz:
“O Banco Central reage aos fatos, aos dados da economia. Evidentemente, se a situação melhorar (…), se a gente vê uma queda mais rápida do que se espera da inflação, o Banco Central pode ajustar esse ritmo para acelerar um pouco mais. Assim como, também, no caso de uma situação um pouco mais complicada, o Banco Central pode atrasar um pouco mais a queda dos juros. Então, essa previsão de queda de meio ponto, que é a previsão do próprio Banco Central, é se forem mantidas as condições atuais e não havendo nenhuma surpresa, tanto no lado positivo quanto no lado positivo.”.
Já sobre o déficit nas contas públicas, Loyola diz que, infelizmente, o governo não tem um plano consistente de contenção da despesa pública. Ao contrário, o que se vê são sucessivos anúncios de problemas que envolvem gastos adicionais.
“A verdade é que não há como, dessa maneira, levar o país a ter equilíbrio fiscal. Inclusive, é preciso mencionar aqui que todo o plano do governo, inclusive o que está no arcabouço fiscal, é fazer o equilíbrio das contas públicas mais pelo lado da receita, ou seja, aumentar a arrecadação e não reduzir as despesas. Só que o aumento da arrecadação depende de vários fatores, como do Congresso, do próprio desempenho da economia. Não são receitas certas, o que é certo é a despesa e, por isso, o governo vem acumulando déficits desde o início do ano.”, completa Loyola.
Diante da dificuldade de zerar o déficit no ano que vem e o impacto na economia, Loyola aponta que tudo indica que o país deve fechar o ano com déficit primário acima daquilo que era estimado pelo próprio governo e ficar mais longe da meta de equilíbrio fiscal prometida para 2024.
“Vai haver, obviamente, uma frustração maior das expectativas. Isso pode refletir, inclusive, nas taxas de juros e de câmbio, dificultando o manejo da política macroeconômica e da política monetária em particular. É realmente no curto prazo que pode gerar esse efeito negativo. E, a médio prazo, adiciona problemas à trajetória da dívida. Temos uma previsão de uma trajetória de endividamento crescente do governo em relação ao crescimento do PIB ao longo dos próximos anos e, em algum momento, isso pode ficar insustentável.”, diz Loyola.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!