ESG: Avaliação socioambiental de carteiras de investimento
- Finanças corporativas
- 16/02/2023
- Tendências
Apesar de o conceito de investimento socialmente responsável não ser novo, é notório o crescente destaque dado aos investimentos que se valem de critérios ESG (sigla em inglês para Environmental, Social, and Governance).
Nesse sentido, uma série de empresas e gestores de recursos tem buscado posicionar suas operações como mais “verdes” e aderentes aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa. Uma das formas de as grandes empresas de capital aberto se posicionarem é a partir da divulgação dos seus índices ESG, calculados por grandes agências de rating como S&P, MSCI, etc.
Ocorre que o modelo dessas agências é a estimação dos ratings a um nível global, com foco em grandes companhias de capital aberto, não possuindo produtos específicos para gestores de fundos e análise de carteiras de investimentos.
Como os aspectos ESG não são facilmente capturáveis pela contabilidade e análise econômica tradicional, faz-se necessário para aqueles fundos e gestores que se dizem “verdes” qualificar e mensurar o impacto socioambiental (ESG) alegado. Para isso, a Tendências desenvolveu uma metodologia proprietária com o objetivo de estimar não só o Índice ESG dos investimentos, mas também a Contribuição ESG e o Benefício Social gerado a partir da alocação desses recursos.
O que são os investimentos ESG?
O termo ESG corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. Recentemente tem ganhado cada vez mais visibilidade e as questões ambientais, sociais e de governança passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos, colocando forte pressão sobre diferentes setores como empresas, agentes do mercado financeiro, agências de rating, consultorias, reguladores e outros.
Segundo o European Sustainable Investment Forum (Eurosif), a integração ESG pode ser definida como “(…) a inclusão explícita pelos gestores de ativos de riscos e oportunidades ESG nas análises financeiras tradicionais e nas decisões de investimento com base em um processo sistemático e em fontes de pesquisa apropriadas (…)”. Essa integração é relativamente recente e há ainda um grande debate sobre como fazê-la. Nesse sentido, os investimentos socialmente responsáveis não são novidade, mas consideram de maneira explícita e sistemática os aspectos sociais, ambientais e éticos na tomada de decisão de alocação de recursos. Isso os diferencia dos investimentos convencionais, que geralmente estão preocupados apenas com o resultado financeiro.
Por que é importante mensurar os impactos ESG de investimentos?
Um dos pilares para a integração ESG na gestão dos negócios é a transparência a partir da comprovação dos impactos ESG gerados pelos investimentos.
Nesse sentido, no dia 23 de dezembro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a Resolução nº 175, novo marco regulatório do setor, que endereça, dentre outros aspectos, uma das principais preocupações do mercado de investimentos responsáveis: o da falta de uma taxonomia clara e comum em relação ao que se classifica ser um fundo de investimentos ESG, que é um dos maiores desafios contemporâneos para integração ESG à estratégia de negócios.
A Resolução determina que, para ser denominado um fundo de investimento “verde” ou “ESG”, entre outros termos associados a finanças sustentáveis, não basta que o fundo selecione ativos que apenas cumpram o check list de critérios ESG. Ele deve buscar investir em ativos que originem benefícios socioambientais, e estes alegados benefícios devem ser atestados por terceiros qualificados e independentes, em uma espécie de relatório de sustentabilidade que avalie se o impacto das suas carteiras de investimentos realmente existe, evitando o chamado “greenwashing”. Com isso, mesmo que de maneira incipiente, espera-se que o novo marco regulatório consiga trazer mais transparência para o mercado de investimentos responsáveis e gerar uma pressão para que os fundos de investimento sejam mais criteriosos na adoção de termos “verdes” para a sua autoclassificação.
A metodologia desenvolvida pela Tendências
Visando atender a crescente demanda do mercado de investimentos para avaliar objetivamente o seu desempenho ESG por meio de informações confiáveis e críveis sobre os impactos socioambientais da decisão de alocação de recursos, a Tendências desenvolveu uma metodologia proprietária capaz de apurar o impacto ESG dos investimentos e a contribuição ESG dos gestores de recursos.
Essa metodologia permite verificar o impacto ESG do portfólio de investimentos de uma empresa ou instituição financeira com base em uma análise criteriosa dos ativos do portfólio. Para isso, é desenvolvida uma matriz de riscos e oportunidades ESG para cada ativo individualmente (ou cada grupo), o que possibilita aferir a materialidade de cada critério ESG. Com isso, busca-se definir quão alinhada ou não está a carteira de ativos às questões ESG.
A metodologia em questão incorpora aprendizados da Tendências obtidos ao longo dos seus mais de 25 anos atuando de forma diversificada junto a grandes empresas e organizações nacionais e internacionais dos mais variados setores, e conta com:
- Análise da literatura econômica a respeito do tema de investimentos ESG, buscando identificar o papel dos índices e ratings desenvolvidos no mercado;
- Análise sobre a metodologia de avaliação ESG empregada por empresas de avaliação de ratings, perpassando os critérios ESG que tanto essas empresas quanto a própria ONU (ODS) destacam;
- Realização de entrevistas com os gestores para entendimento, em primeiro lugar, do modelo de negócios da empresa e dos ativos que compõem sua carteira de investimentos; e, em segundo lugar, da visão corporativa sobre o valor socioambiental gerado pela atuação da companhia;
- Qualificação e mensuração do valor socioambiental gerado pela empresa a partir dos seus investimentos.
Além do Índice ESG, da Contribuição ESG e do Benefício Social apurados, um dos produtos da metodologia desenvolvida é uma base de dados robusta. A partir de sua análise, é possível à companhia integrar as informações socioambientais à sua decisão de investimentos, identificando, por exemplo, quais setores, se presentes na sua carteira de investimentos, aumentam sua nota ESG, entre outras possíveis análises.
O monitoramento dos aspectos socioambientais em carteiras de investimentos é uma prática que tem sido crescentemente incorporada pelas gestoras de investimentos, embora a mensuração da contribuição das gestoras em questões ambientais, sociais e de governança corporativa a partir da alocação de seus recursos seja algo pioneiro trazido pela Tendências. A metodologia proposta tem o propósito de produzir informações que ainda são escassas e contribuir para o avanço da agenda ESG no Brasil.
Por que a Tendências
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Por: Mariana Palandi, analista da Tendências. É mestre em Administração de Empresas pelo Insper e bacharel em Ciências Econômicas pela PUC-SP.
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