Saiba o que rolou na nossa live sobre a situação financeira das famílias e impacto no consumo em 2024
- Análise setorial e regional Blog Macroeconomia e política
- 13/02/2024
- Tendências
O ritmo de crescimento das vendas do comércio varejista, que diminuiu no último trimestre de 2023, deve se recuperar este ano em função da melhora nas condições financeiras das famílias e da ampliação do volume de crédito.
A redução dos juros bancários e o menor risco de crédito esperados devem reduzir o comprometimento da renda das famílias, abrindo espaço no orçamento para o consumo de bens mais dependentes do crédito, embora ainda persistam alguns obstáculos ao cenário de aumento mais robusto do consumo.
Em fevereiro, a Tendências realizou uma live sobre esse tema que teve a participação de Alessandra Ribeiro, Diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial, e Isabela Tavares, economista responsável pelo acompanhamento dos setores de Crédito e Comércio varejista.
Confira um resumo do que foi falado durante a transmissão!
Situação financeira em 2023
O ano de 2023 foi marcado por uma melhora da massa de rendimentos, maior resiliência na geração de empregos e arrefecimento da inflação de alimentos. Esses fatores contribuíram para um maior espaço no orçamento familiar e o aumento no consumo de algumas categorias.
Entretanto, as condições financeiras continuaram sendo um obstáculo para as vendas, especialmente de bens duráveis, que dependem de mais crédito. Apesar da redução no nível dos juros e da inadimplência no segundo semestre de 2023, eles ainda estavam bastante elevados.
As classes de renda mais baixa se beneficiaram da menor inflação em alimentos. Houve aumentos de 0,6 p.p. para as classes D/E, de 0,7 p.p. para classe C e de 0,4 p.p. para a classe A.
Essas classes ainda contaram com o reajuste real do salário mínimo e o aumento nas transferências do governo no âmbito do Bolsa Família.
A inadimplência elevada limitou o consumo em todas as faixas salariais. O grande volume de renegociações no âmbito do programa Desenrola foi importante para diminuir o risco de crédito das famílias com renda mais baixa, que mostrou uma trajetória de queda mais acentuada no 2º semestre de 2023.
Mesmo assim, os níveis terminaram o ano de 2023 elevados e limitaram o maior consumo, mesmo com a melhora na renda disponível.
Quando se trata do varejo, no acumulado até novembro de 2023 as vendas no varejo restrito cresceram 1,7%, e no varejo ampliado, 2,6%, ambos na variação anual. Os bens de primeira necessidade, como artigos farmacêuticos e de supermercados, destacam-se entre as categorias do setor.
O varejo ampliado reflete o bom desempenho das vendas de veículos, à exceção de bens duráveis, em função do programa de descontos do governo e dos preços mais baixos de veículos usados.
Perspectivas para 2024
Quando se trata do crédito, o cenário contempla níveis cada vez mais atrativos das condições de financiamento, com redução dos juros bancários, em linha com a queda da Selic e o ambiente de menor risco de crédito.
A redução dos juros, o menor risco de crédito e a maior qualidade na carteira de crédito levam à expectativa de redução do comprometimento com as dívidas bancárias no decorrer do ano.
Em 2024, dois principais fatores devem limitar o maior crescimento do consumo: o aumento nos preços de alimentos e o menor crescimento da massa de renda.
A poupança agregada das famílias mostrou intenso crescimento nos últimos anos, em linha com (i) maiores aportes no período da pandemia; e (ii) o aumento da Selic, que ampliou os rendimentos financeiros.
Em 2023, a poupança contou com maior participação de investimentos em renda fixa e Tesouro Direto, que apresentam retornos elevados, dado o aumento na Selic, e estão associados a pessoas de mais alta renda, o que ajudou o consumo de serviços das famílias no último ano.
Para 2024, os menores volumes de depósitos nos últimos meses de 2023 e a queda da Selic devem diminuir o ritmo de crescimento do estoque de poupança e limitar o maior consumo das famílias, inclusive, de bens duráveis e serviços.
Diante de todo esse cenário, a expectativa é de que o varejo cresça 2,7%, ganhando tração no decorrer do ano. No 1º semestre, o varejo ampliado deve crescer 1,2% na margem e, no segundo semestre, o aumento deve ser de 1,9%, ambos em termos dessazonalizados.
As vendas de bens duráveis devem recuperar o melhor desempenho, tendo em vista o aumento do acesso ao crédito devido a menores níveis de juros e inadimplência.
Os bens essenciais devem apresentar crescimento mais contido, considerando as pressões nos preços de alimentos e a menor expansão da massa de renda.
Quer participar das próximas lives exclusivas da Tendências? Torne-se nosso cliente clicando aqui!