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Rafael Cortez analisa comentários que advogado de Bolsonaro fez após discurso na paulista – TV BandNews

Em entrevista à BandNews, Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências, examina declarações feitas pelo advogado de Bolsonaro após pronunciamento na Paulista e o caso da baleia jubarte envolvendo o ex-presidente.

“Têm duas dimensões em todos os episódios envolvendo o ex-presidente Bolsonaro. A primeira é jurídica, ou seja, as instituições de controle trabalhando – e aí é o conjunto da polícia federal, Ministério Público… – e aí, sob essa ótica, o próprio sistema de controle vai decidir o que tem base e o que realmente não tem para, eventualmente, virar uma denúncia contra o ex-presidente Bolsonaro.”, aponta Cortez.

Cortez ainda complementa, dizendo que “a dimensão política, que é a que chega mais perto da gente no nosso dia a dia e acaba originando a repercussão, é que, diante de uma série de casos com repercussão muito mais grave, como, por exemplo, de acusação de possível atentado contra o estado democrático de direito, a causa ambiental virou até um pouco secundária do ponto de vista do impacto no debate.”

“As pesquisas de opinião pública têm mostrado que, para um parcela não desprezível da sociedade, o ex-presidente enfrenta uma injustiça por parte desses órgãos de controle. (…) E tudo isso, na verdade, é a expressão desse país ainda muito polarizado, polarização essa que fica muito mais exacerbada quando a gente menciona os dois polos desse jogo: o Presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro.”, aponta Cortez.

Sobre as falas de Bolsonaro no discurso na Paulista, Cortez diz que “têm dois principais elementos para a gente fazer a avaliação dos efeitos do discurso: do ponto de vista político e do ponto de vista das investigações. O primeiro deles tem a ver com a ideia da anistia. O ex-presidente, em algum momento, vai lá e faz menção à necessidade de superarmos essa situação e, basicamente, propõe uma ideia de anistia para aquelas pessoas que participaram dos atos no 08 de janeiro, da invasão da praça dos três poderes, que acabou culminando como ápice dessa tentativa de interrupção do estado democrático de direito.”

“O segundo elemento – e aí esse seja talvez aquele que mais gere risco por parte do ex-presidente – é quando ele menciona a minuta do golpe e a defesa que ele faz é que, na verdade, se tratava de discussões em torno de mecanismos constitucionais”, acrescenta Cortez. “Questões jurídicas à parte, o que essa estratégia colocou, do ponto de vista político, é uma ideia de que ele tinha esse conhecimento desse documento circulado, sendo editado. O que ele alega é que isso não seria ilegal.” 

“Então, daí essa ideia de que, eventualmente isso poderia entrar nos depoimentos do material pela polícia federal, porque uma das questões era se o ex-presidente tinha conhecimento ou não de todo esse movimento. É aqui que me parece que reside o risco de, eventualmente, o discurso gerar ainda mais material para as investigações da polícia federal”, finaliza Cortez.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo!