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IBGE publica resultado do IPCA-15 antes de previsto – O Globo

Número foi divulgado no site do instituto uma hora antes. Prévia da inflação oficial ficou em 0,31% este mês, abaixo do esperado

Os números de janeiro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), uma prévia da inflação oficial do país, foram publicados uma hora antes do previsto. Eram para estar no ar às 9h de ontem, mas entraram às 8h. Um erro no relógio do servidor do Sistema de Recuperação Automática (SIdra), do IBGE, onde são publicadas as tabelas com as pesquisas do instituto, antecipou a publicação. A informação circulou rápido entre grupos de mensagens de analistas de mercado, porque é possível se inscrever no sistema e receber as informações por e-mail quando as tabelas são atualizadas.

Uma hipótese é o relógio de um dos servidores estar programado para mudar para o horário de verão e ter atualizado os dados uma hora mais cedo. O IBGE divulgou nota confirmando a antecipação do resultado e dizendo que a “área técnica do IBGE responsável está verificando o ocorrido para as devidas providências.”

Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, ressaltou que a integridade do mercado financeiro depende da igualdade de informações entre todos os participantes e um erro interno do IBGE, que fez com que alguns soubessem o número da inflação antes dos outros, pode afetar essa premissa.

Bruno KOmura, da Potenza Capital, diz que o vazamento da inflação antes da abertura dos mercados futuros permite que alguns investidores se posicionem com vantagem:

– Como o mercado futuro abre às 9h, quem viu essa informação vazada teve uma hora para entender aonde o mercado poderia ir e se posicionar.

Essa assimetria de informações é algo ruim que não afeta só o Ibovespa, mas o dólar e os juros futuros.

O índice ficou em 0,31% em janeiro, menor que o 0,40% de dezembro e bem abaixo do que esperava o mercado, que projetava 0,47% para o mês. O resultado foi influenciado principalmente pelo segmento de alimentação e bebidas, que voltou a ter o maior impacto no índice. As elevadas temperaturas neste início de ano, com a intensificação do El Niño, explicam a alta nos preços dos alimentos.

Analistas avaliam, porém, que a alta não deve alterar o ciclo de corte de juros. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na próxima semana, reduza a Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

Nesse grupo, o que mais subiu foi a alimentação domiciliar, com alta de 2,04% em janeiro. Contribuíram para esse resultado os aumentos da batata-inglesa (25,95%) e do tomate (11,19%). Já os preços dos transportes caíram 1,13% em janeiro. Houve queda de 15,24% nas passagens aéreas e de 0,63% nos combustíveis.

Para o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fenômenos passageiros foram os que mais influenciaram o resultado:

– O El Niño intensificou os efeitos negativos da temporada. Essa hostilidade climática não é boa para alimentos in natura. Se excluirmos esses alimentos, a variação foi baixa. 

Matheus Ferreira, economista da Tendências, diz que os números não devem alterar o plano de voo do Copom na semana que vem.