Recentemente, foi apresentada uma onda de pesquisas eleitorais, contribuindo para o melhor entendimento da conjuntura atual. A combinação entre declarações do ex-presidente Lula com potencial desgaste no campo petista e o tensionamento institucional levado a cabo pelo presidente Bolsonaro poderiam gerar mudanças relevantes na corrida presidencial. Sob essa ótica, as pesquisas foram decepcionantes. Em linhas gerais, os levantamentos mais recentes confirmaram os cenários dos diferentes institutos de pesquisa. Nossa leitura é de que, a despeito da falta de movimentação mais expressiva entre os diferentes candidatos, os resultados expressam com clareza os desafios dos projetos petistas e bolsonaristas. A avaliação da Tendências é de que três grupos de eleitores aparecem como chaves para o acompanhamento da disputa presidencial. A tendência é de eleição bastante apertada, com ligeira vantagem para Lula.
A campanha de reeleição enfrenta na economia o seu principal desafio. A pesquisa Quaest/Genial mostrou que, para 50% do eleitorado, a economia é o desafio central do País. Não por acaso, inflação, desemprego e crise foram as preocupações mais destacadas pelos eleitores. Assim, é natural que mais de 60% dos eleitores acreditem que a economia brasileira está no “lugar errado”, de acordo com o Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo (Ipespe), o que explica o fato de que ao menos seis em cada dez brasileiros desaprovam o governo. A Quaest/Genial apontou que 58% dos brasileiros não acreditam que o presidente mereça um novo mandato.
O desafio petista é fazer uma campanha de oposição que não entre em choque com grupo de eleitores de peso eleitoral relevante e que, em alguma medida, identifica-se com a agenda do governo. A desagregação pela variável religiosa parece trazer o grande desafio do PT. A pesquisa Quaest/Genial mostrou que a rejeição do governo entre eleitores evangélicos é de 32% (ruim/péssimo), contra 46% do total dos brasileiros.
Por ora, a mobilização do ex-governador Geraldo Alckmin ainda não se manifestou em sinais mais concretos para um eleitor que é potencialmente de oposição ao governo Bolsonaro, mas que tem resistências importantes à esquerda e, especialmente, ao ex-presidente.
Essa leitura da cena eleitoral joga atenção em três grupos principais para o entendimento do resultado das urnas: mais vulneráveis (economia), evangélicos (conservadorismo) e eleitores que votaram nulo no segundo turno em 2018 (comparação de rejeição).